11.3.05

Do fundo do poço

Esperei com paciência pela ajuda de Deus, o Senhor. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro. Tirou-me de uma cova perigosa, de um poço de lama. Ele me pôs seguro em cima de uma rocha e firmou os meus passos. Ele me ensinou a cantar uma nova canção, um hino de louvor ao nosso Deus. Quando virem isso, muitos temerão o Senhor e nele porão a sua confiança.

Salmo 40. 1 – 3

Existem situações que nos paralisam e tiram do sério. Lutas terríveis que de tão difíceis que são, não conseguimos expressá-las ou explicá-las com muita clareza. Situações em que parece que chegamos ao limite, que estamos no fim da estrada.

É terrível se ver envolvido por uma lama densa, na escuridão profunda. Tentamos dar passos para sair dali, mas nem sabemos para que lado fica a saída nem conseguimos a firmeza necessária para caminharmos. Escorregamos. Caímos. Tropeçamos. Tudo parece perdido no fundo desse poço. Profundo poço que tira de nós qualquer perspectiva de que possamos escapar pelo mesmo buraco por onde caímos. Resta-nos um calmo desespero, do silêncio, da escuridão, dos passos incertos, da situação sem saída. Do choro mudo.

Calmo desespero porque logo percebemos que, quanto mais nos debatemos inutilmente, mais afundamos no charco em que nos encontramos. Se lutarmos muito com nossas próprias forças, o resultado será nos afogarmos nesse lamaçal. Se lutarmos com nossas forças, o resultado será fatal. O que fazer quando não há saída?

Anos atrás passei por uma situação assim. Sentia-me morto. Achava que tudo estava acabado. Fui mais fundo que podia sequer imaginar. Achava que em outros momentos já havia tocado o fundo do poço. Ilusão. O fundo do poço é sensação de morte iminente, nada na vida faz mais sentido, os sonhos foram destruídos, planos se acabaram. Tentava me mover para sair disso, mas como resultado afundava mais. Tentava andar em busca de uma saída, mas o chão escorregadio e inseguro em que estava me derrubava de novo. Sentia que ia me afogar. Sentia que seria o meu fim. Sentia o cheiro da morte iminente. Estava acabado.

Confesso que não tive muita paciência para esperar o socorro do Senhor. Mas não me restava outra coisa a não ser essa espera ansiosa. Não imaginava que a Palavra de Deus me pudesse ser tão real quanto naqueles dias. Quando estamos no fundo do poço, nos afundando e afogando nesse lamaçal, podemos esperar pacientemente: o Senhor virá em nosso socorro no momento oportuno.

Estava em uma cova perigosa, andando vacilante sobre a lama. Ele me tirou de uma cova perigosa, de um poço de lama. Ele me pôs seguro em cima de uma rocha e firmou os meus passos. Ele mudou a minha história. Estou certo de que Deus é capaz de fazer isso. Pôr os nossos pés sobre a Rocha firme. Possibilitar-nos a liberdade de movimento, o ar refrescante de fora do poço em que temporariamente nos encontrávamos. Aquela atmosfera viciada do lamaçal, pela ação do Senhor, dá lugar ao ar puro do Vento do Espírito, renovando nossas forças.

Quando estamos no fundo do poço, geralmente não conseguimos contemplar qualquer perspectiva de saída. Mas podemos esperar com paciência. Deus não muda e não nos abandona. Ele deseja pôr em nossos lábios uma nova canção em tributo à libertação que Ele sempre nos propicia. Ele deseja nos dar a liberdade para que disso testemunhemos com alegria. Ele nos livrará e quando virem isso, muitos temerão o Senhor e nele porão a sua confiança. Peça socorro ao único que pode fazer alguma coisa. Ele escutará. Ele responderá.

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