23.5.05

Como o sol

Mas, para vocês que me temem, a minha salvação brilhará como o sol, trazendo vida nos seus raios. Vocês saltarão de alegria, como bezerros que saem saltando do curral.
Malaquias 4. 2.

Natal amanheceu hoje sob uma intensa chuva. A cidade está escura, com céu encoberto. E um frio incomum para esta cidade. Acordei perto das nove horas, mas a vontade era permanecer deitado por muito mais tempo. A vontade era não ter muita coisa o que fazer. Chuva é tempo que nossa única vontade é encontrar abrigo sob os lençóis, se protegendo do frio e da escuridão que abate o mundo lá fora. A vida fica em ritmo mais lento e, sob chuva intensa, alguns compromissos não tão urgentes podem ser adiados ou modificados sem grandes crises. A vida muda com o tempo frio e chuvoso.
Mas estamos nos trópicos, bem próximos ao Equador. Por isso, não tenho idéia do que representa um frio de nevasca, do inverno de temperaturas abaixo de zero. Mas posso imaginar como é esse quadro a partir da experiência da minha cidade. Temperaturas um pouco mais baixas e muita chuva paralisam, em boa parte, cada um de nós. Como se quedará a vida paralisada com muitos graus abaixo de zero e neve, em vez de chuva?
Uma coisa eu sei: esse frio pesa. Vez por outra vemos nos noticiários notícias de tragédias no inverno europeu. Tragédias que são causadas pela neve acumulada sobre os telhados. O peso do inverno, figurado pela neve, derruba os telhados e causa estragos e mortes. As pessoas precisam se preocupar sempre em limpar as ruas [a neve nas ruas impede a vida, o deslocamento das pessoas] e limpar seus próprios telhados, para evitar os grandes danos.
Olhando desse ponto de vista, a importância do sol é multiplicada. Quando o sol começa a romper as barreiras das nuvens no nosso céu, anima-nos um pouco mais para as tarefas que nos são postas em mãos. Quando a temperatura começa a subir, o calor a aumentar, logo logo sairemos da cama, de debaixo dos lençóis, não quereremos permanecer em casa. A chegada do sol traz a vida de volta, de volta ao seu ritmo normal. Acelera-nos, como se fosse uma bateria a nos carregar.
Os raios do sol começam a secar a cidade e eliminar, pouco a pouco, os transtornos ocasionados por aquela chuva. E quando pensamos na neve? O sol derrete a neve, tirando os entraves da vida, removendo o peso que está sobre os telhados, fazendo brotar novamente a vida. É primavera e a vida vai voltando ao seu ritmo. Nas regiões de nascentes, o derretimento da neve e do gelo faz os rios correrem em seu leito normal, aumentando a vazão de água que leva a vida montes abaixo. Em suma, a chegada do sol e o brilho dos seus raios trazem de volta a vida plena em toda parte. Nossa vida é totalmente dependente do brilho do sol.
Mas, para vocês que me temem, a minha salvação brilhará como o sol, trazendo vida nos seus raios. Vocês saltarão de alegria, como bezerros que saem saltando do curral. Vez por outra, o inverno da tristeza abate o nosso coração. O céu fica escuro, a temperatura baixa, nosso ritmo diminui. Tudo o que queremos é nos enfiarmos no abrigo mais seguro para fugir do frio da chuva. Às vezes, o inverno da tristeza é tão severo que neva muito. O peso da tristeza vai se acumulando nos telhados do nosso coração e vai comprometendo as estruturas de nossa vida. Além da paralisia do frio e da escuridão, corremos o risco de vermos todas as paredes de nossa vida ruírem e se desfazerem.
O estrago e os empecilhos na vida, causados por esse inverno, podem ser muitos. Mas podemos deixar a luz do céu entrar. O sol da justiça brilhar. Mas, para vocês que me temem, a minha salvação brilhará como o sol, trazendo vida nos seus raios. Vocês saltarão de alegria, como bezerros que saem saltando do curral. A salvação brilha como sol. A alegria do Senhor, a nossa força, é vida que nos invade com os seus raios, como do sol, e nos contagia irresistivelmente. A alegria explode em nosso peito e nossa face. A vida volta a valer a pena.
Quando esse Sol brilha e vem derreter a neve do nosso inverno, derrete o peso que abafa o nosso coração. Derrete o gelo que impede o rio da vida de Deus, o Espírito, de correr com liberdade em nosso interior. A tristeza, derretida, se converte no fluir do Espírito de Deus. Converte-se na alegria trazida pelas Águas Vivas. É primavera em nosso ser. A vida trazida pelos raios do Sol da Justiça faz aumentar a vazão das águas do rio da vida em nosso interior. A neve da tristeza derretida faz isso. E nos conduz a uma nova dimensão de vida e liberdade. A alegria é, agora, uma euforia contagiante. Toma-nos de maneira irrestível. Então, saltamos de alegria, como bezerros que saem saltando do curral.
Celebraremos assim o Sol da Justiça que põe fim ao nosso inverno, trazendo em Seus raios a vida. Porque em Sua Presença há alegria abundante, contagiante, embriagante, constante, alegria que é fruto do Espírito Santo, rio de vida que corre em nosso interior. Disponível para aquele que buscar, com inteireza de coração, a comunhão e intimidade com Jesus, caminho conquistado uma vez por todas na Cruz.

Um comentário:

Anônimo disse...

excelente reflexão. vou usar num encontro a terceira idade aqui em curitiba...ta muitoooooooo frio