2.6.05

Alicerce

Porque Deus já pôs Jesus Cristo como o único alicerce, e nenhum outro alicerce pode ser colocado.
1 Coríntios 3. 11.

Entendo pouco de construção. Afinal, não sou engenheiro. Mas sabemos que existem duas coisas importantíssimas em uma construção: a estabilidade do alicerce e a qualidade do material.
Recentemente alguns prédios desabaram ou foram condenados na região metropolitana do Recife, especialmente por problemas estruturais causados por instabilidade na colocação de seus alicerces. Construídos em terreno arenoso, qualquer deslocamento de aterro pode lhes causar danos permanentes por causa dos alicerces instáveis.
Sobre o problema do material de construção, o exemplo mais notório que se pode lembrar é o caso do edifício Palace II. No domingo de carnaval de 1998, em 22 de fevereiro, no meio da madrugada, os moradores ouviram um forte estrondo. O saldo foi de oito mortos e um prédio de 22 andares condenado. Famílias foram desabrigadas e, algumas delas, ainda esperam alguma espécie de ressarcimento. O principal problema do Palace II foi a péssima qualidade do material empregado na obra e erros estruturais no projeto. Destruição, causada ou por alicerces falhos, ou por material de má qualidade.
Como está sendo construída a nossa vida? Qual é, em primeiro lugar, o alicerce que está fundamentando esta obra? Porque Deus já pôs Jesus Cristo como o único alicerce, e nenhum outro alicerce pode ser colocado. Jesus Cristo, Sua vida, Seu amor, Sua morte e Sua obra são o único alicerce possível na construção de nossa própria vida. Não pode haver outro do mesmo modo que não há outro Deus. Ele é a Pedra Fundamental, o Alicerce único, posto pelo próprio Deus a fim de estabilizar a obra que Ele mesmo conduz.
O nosso problema, muitas vezes, é tentarmos dispor de outros alicerces. Tentamos construir nossa vida sobre outras bases, totalmente instáveis, totalmente equivocadas. Quando fazemos isso ameaçamos a nós mesmo de enfrentarmos uma destruição ainda mais severa do que aquela provocada por prédios que caem em Pernambuco. Quando fazemos isso nos colocamos em situação de risco, morte e tragédia, ainda mais grave que a vivida pelos moradores do Palace II. Porque não arriscamos apenas a dimensão material, terrena e humana de nossas vidas. Pomos em xeque, quando construímos sobre outro alicerce, a própria essência da vida, que se funda em um relacionamento vivo com um Deus vivo. Caminhamos para a destruição, a tragédia e a morte na dimensão espiritual e eterna. Desde já, passamos a vivenciar a dor, a tristeza, a angústia e a infelicidade de se desviar do projeto que Deus tem para a construção de nossas vidas.
Mas corremos outro risco. Podemos afirmar e mesmo acreditar que estamos construindo sobre o Alicerce que é Jesus e estarmos enganados, distantes da verdade. Podemos ter, ou querer ter, Jesus como um alicerce, mas Ele permanecer um estranho para nós. Porque não nos importamos em conhecê-Lo de verdade, nos aprofundarmos em um relacionamento íntimo e pessoal com Ele. Esse Alicerce só nos dará estabilidade se nos preocuparmos em irmos até Ele, quebrantados, para conhecê-Lo mais e de verdade. Se não fizermos isso, a fé de que Ele é nosso Alicerce será apenas uma ilusão, porque estaremos construindo sobre outras coisas, outros sentimentos, outros planos, outros propósitos, menos Ele. Essa ilusão mantém, ou até multiplica por trazer uma sensação falsa de segurança, o risco de tragédia total para a construção de nossa vida.
Mas não podemos deixar de falar no material de construção. É sobre isso que Paulo fala no restante do nosso texto. Ele separa em dois tipos o material que podemos usar para a construção de nossa vida. De um lado, ouro, prata e pedras preciosas, elementos ricos, estáveis e que podem sobreviver a tudo que se levanta para derrubar o prédio. Material de primeira. Mas também podemos usar um material xinfrim, como madeira, capim ou palha. Diante de um incêndio, por exemplo, ou de um terremoto, a destruição é certa. Podemos firmamo-nos no mais correto dos alicerces, Jesus, e ainda assim pormos a obra de nossas vidas em risco devido ao material que estamos usando para construir. Mesmo assim, o prédio pode ser destruído, mas o alicerce, diz Paulo, permanece, como a nos garantir que toda obra pode ser refeita.
Que tipo de material estamos usando na construção de nossa vida? Estamos tentando construir a nossa vida na dimensão da comunhão com Deus através da busca e vivência constante do Fruto do Espírito? Ou nossas obras que levantam as paredes de nossa casa ainda são as obras da carne, contra as quais Deus se levanta (Gl. 5. 19 – 23)?
Preste atenção em que alicerce você está construindo sua vida. Será Cristo ou você está tentando arrumar um outro? Preste atenção sobre que material de construção você está empregando. De que qualidade é? Do Espírito ou da carne? A tragédia, resultante de escolhas erradas, será infinitamente maior que a morte e destruição que todos vimos pela tevê no Palace II. Preste atenção enquanto ainda for tempo de embargar a obra e recomeçá-la com tudo certo.

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