16.6.05

Vida

Homem mortal, profetize para o vento. Diga que o Senhor Deus está mandando que ele venha de todas as direções para soprar sobre esses corpos mortos a fim de que vivam de novo.
Ezequiel 37. 9.

Um cadáver pode ser um corpo humano perfeito. Todos os órgãos inteiros. O organismo, perfeitamente funcional. Você pode olhar um corpo em um caixão e se perguntar como pode estar sem vida se é tão perfeito.
Ezequiel foi levado a mais de uma de suas visões. Viu um vale repleto de ossos sequíssimos. O Senhor lhe perguntou se acreditava que aqueles ossos poderiam reviver, ao que o profeta respondeu que somente Deus seria capaz de responder a essa questão. Então, Deus lhe mandou profetizar àqueles ossos para que voltassem à vida.
Ossos se juntaram a ossos, neles cresceram carne, nervos, pele, cabelos. Enfim, os corpos se reconstruíram. Eram, novamente, corpos humanos perfeitos e perfeitamente funcionais. Mas continuavam mortos. Faltava-lhes alguma coisa essencial para que voltassem à vida. Homem mortal, profetize para o vento. Diga que o Senhor Deus está mandando que ele venha de todas as direções para soprar sobre esses corpos mortos a fim de que vivam de novo. Faltava que soprasse sobre eles o Vento.
É imediata a relação dessa história com a criação do homem. Deus tomou a terra, montou o corpo de Adão, o fez perfeito. Mas Adão estava morto até que o Senhor lhe deu o Seu Vento, o Seu Sopro: Então, do pó da terra, o Senhor formou o ser humano. O Senhor soprou no nariz dele uma respiração de vida, e assim ele se tornou um ser vivo (Gn. 2. 7).
Essas duas histórias nos mostram que é bem possível que o formalmente perfeito não possua qualquer vida de verdade. As estruturas de nossa vida, ou mesmo a própria vida, podem parecer perfeitas à nossa vista, como era perfeito o corpo de Adão ou aqueles corpos reconstruídos no vale, mas, ainda assim, estarem mortos. A forma perfeita não é garantia de vida real. Só o Vento do Espírito pode infundir a vida verdadeira.
Muitas vezes, vivemos boas vidas. Formalmente perfeitas. Na casca, está tudo muito bem. Mas são vidas vazias de conteúdo porque lhes faltam a respiração de vida que somente o Vento de Deus pode trazer. As vidas e as coisas em nossas vidas têm tudo para serem perfeitas, mas falta-lhes algo essencial para que suas estruturas funcionem em plenitude. Tudo pode parecer funcional, mas não funcionar. Porque é preciso experimentar o sopro do Vento do Espírito. É preciso nascer, renascer no Espírito e na água. Nascer o nascimento que Deus nos dá, do alto, pela ação do Vento.
Esse é um duplo desafio. Alguns de nós jamais experimentaram qualquer nascimento do Espírito, fundamental para um relacionamento com Deus. Andam por aí, de lá para cá, sem conhecer, de verdade, o Deus vivo que se revelou em Jesus Cristo. Sem salvação, sem coração, sem vida de verdade. Esses são como Adão, corpo morto sem a vida de Deus.
Outros, no entanto, já experimentaram algo desse novo nascimento, mas deixaram a vida ir embora. Assemelham-se ao vale de ossos secos, reconstituídos mas ainda mortos até que recebam o Sopro de Vida do Espírito.
Para ambos os grupos, o futuro que Deus deseja é o mesmo. É a vida no Espírito, em profunda comunhão com o Pai. O desejo do Senhor é o novo nascimento no Espírito, é o renascimento para a vida conduzida pelo Vento. É render-se ao Poder do Senhor, à obra de Jesus, a vida plena que Ele quer nos trazer. É abrir o coração para aquilo que Deus quer fazer.
Essa nova dimensão de vida é de uma vida no Espírito. Vida incerta, porque é vida levada pelo Vento. O Vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho que Ele faz, mas não se sabe de onde Ele vem, nem para onde vai. A mesma coisa acontece com todos os que nascem do Espírito (Jo. 3. 8). A vida no Espírito é vida de incerteza porque é vida inteiramente conduzida por Deus. E porque os caminhos e os propósitos do Senhor são inalcançáveis para nossas mentes e para os nossos corações. Não sabemos de onde vem, nem para onde vai. Já que o Senhor diz: “Os meus pensamentos não são como os seus pensamentos, e eu não ajo como vocês. Assim como o céu está muito acima da terra assim os meus pensamentos e as minhas ações estão muito acima dos seus” (Is. 55. 8 – 9).
É uma decisão, mas uma decisão simples. A escolha é toda nossa se permanecemos mortos, ainda que perfeitamente funcionais, ou se vamos clamar que o Espírito venha sobre nós, como Vento, como Sopro, para nos fazer reviver e viver a vida na dimensão da Sua Vontade. Rendido a Ele, em comunhão plena com Ele.

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