12.8.05

Sem religião

Vocês estão vendo tudo isso? Pois eu afirmo a vocês que isto é verdade: aqui não ficará uma pedra em cima da outra; tudo será destruído.
Mateus 24. 2.

É fato reconhecido que o ser humano tem uma sede religiosa quase inesgotável. E é certo que são muitas as propostas que sempre apareceram ao longo de nossa história para saciar essa sede. Todas elas, no entanto, se resumem em duas principais.
De um lado, temos as propostas construídas pelas mãos humanas. Todas as propostas religiosas se encaixam nesse ambiente. O homem tem um talento ímpar para construção de propostas religiosas a fim de chegar mais próximo a Deus, saciar sua sede. Seja cristianismo, seja outra religião qualquer, cada uma dessas idéias se assemelha ao projeto descrito em Gênesis 11. A construção de uma torre que alcance até o céu chega a ser proposta risível. Mas é a nossa proposta constante na presença do Senhor. Sabemos que há um Deus com quem precisamos nos relacionar. Buscamos, por isso, de todo o jeito, uma forma de nos achegarmos a Ele, de construirmos uma ponte. Mas o caminho não pode ser aberto por nossas mãos, sob nenhuma forma religiosa.
Jesus já tinha enunciado essa verdade quando, no diálogo com a samaritana, explicita que nem era o templo de Jerusalém, nem o templo em Samaria que garantia acesso a Deus. Não era uma questão de que alguma religião fosse superior à outra, mas ambas eram irrelevantes no contexto do relacionamento com Deus. Não se tratava de escolher uma ou outra verdade religiosa, mas Jesus afirmava que não era nenhuma verdade religiosa que o Pai procurava. Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem (Jo. 4. 23). A verdade não era qualquer ideologia ou religião, por isso o Pai não se importa com verdades religiosas. A Verdade é uma Pessoa que quer se relacionar intimamente conosco (Jo. 14. 6).
Essa é a outra proposta para saciar a nossa sede. Não se fundamenta em qualquer verdade religiosa, mas no fato de que o próprio Deus já abriu o caminho entre nós e Ele por meio da vida, ministério, morte e ressurreição de Cristo. É disso que fala Paulo aos Romanos: Nós éramos inimigos de Deus, mas Ele nos tornou Seus amigos por meio da morte do Seu Filho (Rm. 5. 10). É unicamente uma ação de Deus, independente de nós mesmos, que abre o caminho de comunhão com Deus e nos possibilita trilhar esse caminho. Esse é o tempo em que não podemos mais nos fiar em qualquer verdade para alcançarmos isso, a não ser confiar nAquele que é, Ele mesmo, a Verdade.
É esse um dos contextos da fala de Jesus. A religião é transitória e passageira. Será destruída porque jamais serviu ao propósito que os homens imaginaram para ela: aproximá-los de Deus. O tempo de templos feitos por mãos de homens na nossa relação com Deus acabou. A hora é de aceitar o projeto de Deus para o nosso relacionamento com Ele. Projeto que é arquitetado e construído pelas próprias mãos do Senhor. É iniciativa dEle. É obra totalmente dEle, para a qual somos convidados a participar.
É hora de abrirmos mãos de todas as verdades religiosas, de toda religião, todo templo erguido por mãos humanas. As verdades religiosas tendem a oprimir o fiel. É hora de sabermos que esses templos serão destruídos. É hora de se entregar à Verdade que está acima dos templos feitos por mãos de homens, que nos convida a uma comunhão maior que qualquer religião. Essa Verdade, descoberta em nosso coração, nos liberta, gerando vida real e intimidade saciadora com o Pai (Jo. 8. 32). Destrói os templos e nos põe na dimensão e no projeto certo de vida com Deus: vida que se constrói em Jesus.

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