20.11.05

Sem justificativas

Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho!
Lucas 15. 21

Certa manhã acordei assustado com a porta do banheiro de meu apartamento batendo fortemente. Três vezes. Acordei chateado, obviamente. Vocês sabem como é terrível acordar com o som de uma porta batendo. Imagine três vezes. Chateado, sai de meu quarto dizendo a uma das pessoas de casa, ironicamente: Obrigado por me acordar assim. A pessoa respondeu a minha fala justificando que havia esquecido a porta aberta por estar lavando o banheiro. Fiz ver a essa pessoa que não era essa a questão. Não esperava uma explicação. Desejava apenas que me pedissem desculpas. Apenas isso. Não ia ficar chateado pelo resto do dia. Esperava apenas uma fala assim: Desculpa ter feito você acordar dessa forma.
Isso me fez pensar que muitas vezes tudo o que Deus espera de nós é um pedido de perdão, mas tudo o que damos a Ele é uma justificativa. Às vezes, não recebemos o perdão porque, em vez de pedi-lo, preferimos explicar os fatos que nos levaram a pecar – como se Deus precisasse de explicações de nossa parte. O problema é que pedir perdão significa assumir a culpa, o erro – e seria redundante se dissesse o quanto é difícil para o ser humano assumir a culpa. O perdão tem como pré-requisito a culpa assumida e confessada. Mas essa talvez seja a atitude mais difícil de ser tomada pelo homem pecador.
Essa atitude estava presente no Éden. O capítulo 3 conta a história do pecado original, mas também relata o primeiro momento de empurra da humanidade. Ninguém teve condições de assumir a sua própria culpa, sem se justificar. Deus pergunta ao homem: Por acaso você comeu a fruta da árvore que eu o proibi de comer? (Gn. 3. 11). A resposta do homem é evasiva: A mulher que tu me deste para ser a minha companheira me deu a fruta, e eu comi (Gn. 3. 12). O homem se explica, jogando a culpa na mulher. Não assumi sua responsabilidade. A mulher não age de maneira melhor – para ela, a culpa foi da cobra: A cobra me enganou, e eu comi (Gn. 3. 13).
O primeiro passo para a restauração e o perdão da culpa e do pecado é assumi-la. Sem subterfúgios, sem explicações, sem elaborações. É simplesmente assumir-se o pecador que se é. Confessar a Deus a falta. E crer que Ele é fiel e justo para nos perdoar. É simples assim. Sem complicações, sem maiores elocubrações. Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de seu filho!

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